13.3.15

novos reformados meio deformados

Uns anos atrás, após um sermão em uma igreja onde era convidado, um rapaz puxou assunto comigo logo após a reunião e largou: “parecia o Paul Washer”. Legal né? Se você é batista e reformado, ouvir isso pode soar com um grande elogio... ou não. Isso me lembrou uma conversa que tive com um jovem pastor, que após uma reunião me perguntou o que eu tinha achado, após algumas anotações fui direto: “você podia ser menos o Mark Driscoll e mais você mesmo”.

Depois de conversar um pouco mais com aquele rapaz que me “elogiou”, fazendo uma comparação com Paul Washer, entendi que ele não me achava parecido na maneira de falar ou mesmo de pregar, mas estava relacionado ao conteúdo do sermão daquela noite, que havia sido sobre o Pecado.

No entanto, os jovens reformados que pululam nas igrejas históricas ou não, são em parte reformados apenas nas suas declarações, nem mesmo o são em sua defesa do Evangelho. Ao conversar com alguns jovens, de pouco mais ou pouco menos de 20 anos que já criaram seminários, cursos de missões e igrejas, percebi que a maioria deles não tinha nenhuma experiência sequer de vida.

Nunca fizeram uma faculdade ou seminário teológico, alguns nem terminaram o ensino médio, não são casados, leram poucos livros e em geral de um único autor/pastor, o “preferido”, tem pouco ou nenhuma experiência ministerial, etc. Percebi que, ao contrário das orientações que via nas igrejas reformadas (eu venho de uma cultura pentecostal) de autoridades formadas e aprovadas, os novos “líderes” reformados pouco tinham a acrescentar, senão uma série de textos e vídeos com assuntos muito mais polêmicos do que de ensino bíblico. Seguido de uma série de criações de páginas em redes sociais que tem como único objetivo depreciar figuras históricas do cristianismo do passado ou contemporâneo.

Qual o problema disso? O mesmo problema que vemos nas igrejas neopentecostais e na fragilidade de suas pregações e deformações teológicas.

Com 30 anos comecei a escrever para blogs, pouco depois de ter conhecido a teologia reformada, com quem havia tido o primeiro contato apenas 3 anos antes. Lembro de uma vez o Leonardo Gonçalves (Púlpito Cristão) ter me dito que um dos meus textos era “meio arminiano, meio calvinista”. Hoje, quando olho para alguns destes textos, reconheço inúmeros erros teológicos em definições básicas do calvinismo. Não era por tolice ou ignorância, tinha formação em Teologia e em História e sei como se faz uma leitura objetiva, uma pesquisa ou mesmo uma tese. Acontece que meus erros estavam muito mais ligados a percepções pessoais que eu tentava moldar a Palavra, indo de encontro a Teologia da Graça que encaminha o homem a ser conformado pela Palavra e não o contrário.

O que tenho visto nos “jovens reformados” é o mesmo para algo um pouco pior. O Youtube e o Facebook acabaram por se tornar palanques para suas posições pessoais sobre política, economia e religião sob a cortina de discurso reformado. Se aplicam algum conceito reformado aqui, o abandonam no próximo vídeo ou texto para defender uma posição pessoal. Somando-se a isso um culto a intolerância e ao ódio àqueles que discordam de suas posições, não teológicas, mas pessoais.

É saudável e realmente renovador para a igreja que a cada dia exista um interesse de jovens em buscar conhecer a Teologia Reformada e vive-la. No entanto isso não é uma moda. Isso não é salto social dentro da igreja, se você quer isso visite e congregue uma igreja neopentecostal. Lá é o lugar para se produzir pequenas estrelas-(de)cadentes que tem como objetivo o pequeno poder e a fama.

A Teologia Reformada é a teologia da Soberania de Deus, da Insuficiência humana e da Glória devida somente Aquele que criou os Céus e a Terra.

Soli Deo Gloria

Publicado originalmente no blog Púlpito Cristão em 13/03/2015.

Um comentário:

  1. Excelente.

    Gostei da apresentação dos predicados acedêmicos (teológicos e históricos).

    abraços

    Grande abraço.

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