Minha formação acadêmica é de professor (o que não é grande coisa no Brasil, eu sei disso). Hoje já não atuo mais como docente, mas na coordenação acadêmica em um Instituto Federal, que por ser federal, dispõe de muitos recursos que outras instituições públicas (estaduais e municipais) sequer imaginam ter, mesmo na próxima década. Mas também já trabalhei em lugares bem mais, digamos, acanhados... e por isso, apenas por isso e mais um monte de leitura especializada que me apoia... posso pensar nessa teoria.
O problema fundamental da igreja (as pessoas que dão corpo), certamente é o afastamento do Evangelho apostólico para um evangelho humanista. Mas, junto a isso, outros problemas são associados.
Pesquisas brasileiras, apontam que 75% dos brasileiros são analfabetos funcionais (você pode ler sobre estas pesquisas clicando aqui e aqui, não as tirei da minha cabeça). Trocando por números mais palpáveis, significa que a cada 4 brasileiros, 3... sim, TRÊS, são analfabetos funcionais (em diferentes graus, é claro). Isso significa também, que dos 190 milhões de brasileiros, 142 milhões são analfabetos funcionais.
Ora... mas o que isso cara pálida?
O analfabeto funcional é uma pessoa que consegue decodificar os sinais (letras), ler frases, textos e palavras, mas, não consegue os interpretar. Falta-lhe a habilidade de interpretação de textos. Que adiquire-se com a prática da leitura e aprofundamento de estudos... não conheço outra forma... duas coisas pouco usuais na sociedade ocidental tupiniquim. Lê-se pouco e investe-se mais em cirurgia plástica que em educação.
Assim, não por culpa deles... mas do ensino no Brasil que é precário... e dependendo das cidades, longe dos grande centros urbanos, atinge inclusive o ensino privado, pois a maioria dos professores brasileiros possuem apenas a formação básica de sua profissão (graduação), milhões de brasileiros sabem ler, mas não entendem o que lêem.
O mesmo ocorre dentro da igreja, afinal, são os mesmos brasileiros. A Bíblia tornou-se chata, cansativa e complicada. Sim, isso é falta de uma vida espiritual e sim... isso é apostasia... mas também, menos importante mas com alguma importância... líderes evangélicos descobriram que não é preciso se dedicar muito ao estudo da Palavra e no conhecimento do Santo Deus, porque seus seguidores também não o fazem... pelo contrário, esperam que alguém faça por eles... esperam que outro decodifique e interprete.
Desse modo, a pregação ilustrada com muitos contos humorísticos, fatos do cotidiano, performances e malabarismos, "atingem" objetivos que um pregação fundamentada na Palavra não atingiria... pois poucos entenderiam o que se diz.
Esse texto não é... e também é ao mesmo... uma auto-defesa. Nós que regularmente escrevemos e publicamos textos na internet percebemos, a cada dia, uma piora no fazer-se entender. A cada texto que escrevo, percebo a constante necessidade, não de adaptar o texto, mas de construí-lo de forma que o que escrevo possa ser entendido por qualquer um... por este motivo é que não uso o twitter, por exemplo, pois numa sociedade assim, 144 caracteres me parece, como educador, algo absurdo.
No entanto... suspeito... que muito em breve, 144 letras serão muito... e nos comunicaremos apenas com algumas onomatopéias.
Maranata Jesus!
Daniel,
ResponderExcluirexcelente.
Já havia percebido que há falta de compreensão em diversos níveis, em diversos ambientes. Contudo, não havia considerado a questão sob a perspectiva que expuseste.
Excelente, acredito que corremos grande risco, pois precisamos cada vez menos de qualidade naquilo que produzimos, sejam seculares, sejam espirituais.
Em Cristo
É o que eu chamo vulgarmente nos meus estudos (estou trabalhando na dissertação do meu pós) de "emburramento coletivo".
ResponderExcluirFicamos mais ignorantes (no sentido de ignorar), não por escoha, mas por falta de "nutrientes"... ou, subsídios e incentivos que nos proporcionem aprofundamento na reflexão e crítica.
Bom dia
ResponderExcluirBem oportuno este texto depois que eu li, fiquei cá com meus botões a pensar...
A falta de conteúdo (conhecimento básico) em muitos pregadores esta a olhos vistos, não precisa cavar, é verdade, mas por outro lado a uma também certa “erudição” exacerbada que me faz perguntar: a eficiência da pregação da palavra esta sendo mantida com um uso exagerado de tantas palavras “polidas”.
Se por um lado a um total despreparo para manusear a palavra de forma responsável e bíblica, por outro lado há uma ineficiência nesta transmissão, ineficiência esta causada pelo uso de termos só compreendidos (às vezes nem por eles) por seus anunciadores e uma parcela bem pequena de seus ouvintes.
E o que é mais triste de tudo isso é constatar que estes exageros aos quais me refiro são (em sua grande parte) praticados por denominações tradicionais históricas (Presbiteriana e outras reformadas), lugares onde ainda se pode ouvir uma pregação expositivamente sadia da palavra de DEUS; agora vejamos, alie-se a isto ouvintes - como diz teu texto – despreparados acostumados a “comer pela mão dos outros” sem preparo pare entender muitas das vezes nem o básico desta difícil língua portuguesa (e suas pegadinhas...rsr), quanto mais entender pregações com palavras difíceis que em sua maioria servem mais para desfiles apoteóticos de “pregadores pavões” e sua retórica extremamente polida.
De forma alguma acho (antes que os “puristas” me ataquem) acho que púlpito e lugar para pregações de animadores de festa infantil, mas acho também que não é lugar para pregadores secos com mensagens não entendíveis, por uma população que pouco entende de tudo.
Pelas reflexões acima concluo que os dois (como todo extremo) extremos são prejudiciais.
Acho que nos falta equilíbrio, equilíbrio em tudo e em todas as coisas.
“ I Coríntios 14:9 Assim, vós, se, com a língua, não disserdes palavra compreensível, como se entenderá o que dizeis? Porque estareis como se falásseis ao ar.”
Isaías
ResponderExcluirConcordo com você. Temos pregadores para dterminadas castas... mas poucos que atingem todas elas.
É exatamente essa falta de entendimento, essa 'preguiça intelectual' que os cristãos apresentam que está destruindo o Evangelho. Nós rejeitamos o conhecimento, e principalmente o conhecimento de Deus e achamos que está tudo bem, porque nos enchemos de unção da "palavra" todo domingo, por pastores que não querem aprender ou se aprofundar na Verdadeira Palavra porque sabem que isso não é tão chamativo quanto a manifestação dos dons. É uma inversão de valores tremenda! "Menos palavra e mais dons" é o lema da Igreja atual. Estamos deixando de lado o culto racional para darmos valor ao culto dos sentimentos e emoções. E assim estamos criando novos cristãos tão vazios e emotivos quanto nós.
ResponderExcluirEnfim, só queria desabafar.
a propósito, me amarrei no blog, estarei aqui sempre.
A Paz!