Não é um feriado qualquer aqui no Rio Grande. Não é porque sou gaúcho (até porque passei mais tempo da minha vida bem longe daqui), mas poucos estados cultuam tanto sua própria terra. Alguns gaúchos ainda vêem o Rio Grande como outro país. Em jogos de futebol, depois do hino nacional, canta-se o hino do Rio Grande e lhes garanto, os torcedores da dupla grenal conhecem mais este hino que o Nacional, e o cantam com a mão sobre o coração... é um culto à pátria gaúcha.
Mas não é sobre essa idolatria praticada por aqui que desejo comentar... sim, apenas um breve comentário... para não deixar passar em branco a data. Mas sobre a tão contraditória e anti-bíblica, "quebra de maldições hereditárias". As "maldições" que nunca são quebradas, mas mantém sob rédeas de escravidão seus seguidores.
Ontem várias igrejas de Porto Alegre e do interior do Estado fizeram cultos de "quebra de maldições hereditárias". Entre os pedidos... perdão pelos pecados cometidos pelos farrapos, pelo sangue derramado na campanha gaúcha e pela rebeldia contra o governo imperial.
Irmãos meus. Onde encontramos na Bíblia respaldo para tamanho dislate teológico? Que fundamento temos no Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo para este desvio?
Primeiramente, não estou dizendo que ao nos convertermos não precisamos pedir perdão por toda nossa vida de pecado... cristianismo é isso mesmo... arrependimento, quebrar toda maldição do pecado sobre nós... mas não somos nós que a quebramos, foi Cristo quem a quebrou na Cruz... o pecado não tem mais domínio sobre nós, pois onde antes abundava o pecado agora superabunda a Graça (Rm 5.20; 6.14)... então porque comete-se esse tipo de abominação nos cultos que deviam ser solenidades de ação de graça?
Não estou dizendo que por 10 anos do século XIX não foi derramado muito sangue neste lugar... as guerras que aconteceram no Rio Grande do Sul sempre foram eivadas de um sadismo peculiar... mas como eu posso pedir perdão pelo que meu "tataravô" fez? Não era ele o responsável pelo seu próprio pecado? Caíra sobre mim as faltas dele? Tenho eu alguma responsabilidade pelo pecado de meu pai? Já não tenho comigo a "suficiente" recompensa do pecado de Adão?
Na carta aos Romanos, no capítulo 14, o apóstolo Paulo afirma que "todo joelho se dobrará" e que cada um "dará contas de si mesmo a Deus".
Se isso não fosse suficiente. Vamos para a obra da cruz. Ela já não foi consumada? Precisamos fazer "novos atos libertários"?
Não bastaria apenas um "ato profético"? Não seria necessária apenas uma "quebra de maldição"? Porque então ano após ano essa alucinação gospel é praticada? A "quebra" do ano passado se refez? Uniu-se novamente a ligadura? Lutaram novamente na pampa os fantasmas farroupilhas?
Em provérbios dois versos nos mostram claramente a maldição na perspectiva bíblica.
"A maldição do Senhor habita na casa do perverso, porém a morada dos justos Ele abençoa." (Pv 3.33)
"Como o pássaro que foge, como a andorinha no seu vôo, assim, a maldição sem causa não se cumpre." (Pv 26.2)
Não abençoa o Senhor o justo? Pode ser um servo do Altíssimo maldito? Que causa damos à maldição? Não fomos resgatados e justificados pelo Sangue do Cordeiro?
Esse é o cristianismo evangélico brasileiro... não consegue nem mesmo se explicar... não entende das coisas naturais e julga ser erudito nas espirituais... perde-se em seu próprio discurso. Seu conteúdo bíblico é sofrível mas farta-se de revelações extra-bíblicas e de moveres espirituais estranhos.
Maranata Jesus!
Muito legal teu blog mano!!!
ResponderExcluirIncrível é ver pastores pregando estas heresias em seus púlpitos. Sou um calvinista/spurgionista e congrego em igreja arminiana ( que já foi luterana) e já passou muito esse tipo de assunto na Igreja que congrego.
Deus abençõe seu trabalho
Abraços
Anderson Demoliner
Sola Gratia
OBS: você é de que cidade do Rio Grande? Que Igreja você congrega?
Sou de Gravataí-RS