30.3.15

a porta estreita e o caminho apertado

Difícil encontrar um cristão que não conheça este texto bíblico. Ele faz parte daquela lista de versículos que mesmo quando não sabemos sua localização nas páginas da Bíblia, nós o decoramos. Ele é um versículo que resume em si a natureza do Caminho que conduz a Salvação, e a natureza da própria vida cristã, e por isso ele é tão conhecido e tão importante.
Este texto também faz parte do “Sermão do Monte”, o primeiro registro bíblico e histórico de Cristo pregando a natureza da vida daquele que serve a Deus, e após discorrer sobre os vários aspectos daquele que segue a Cristo, daquele que o imita, Ele diz: “Eu não estou dizendo que tudo isso é fácil, porque estreita é a porta da Salvação e o caminho para chegar lá é apertado.”.
Se andássemos pelas páginas da Bíblia, aparentemente encontraríamos uma contradição nos ensinos de Cristo, pois afinal, não disse o salmista e rei Davi: “o caminho de Deus é perfeito…”, não apenas uma, mas duas vezes? (Salmos 18:302 Samuel 22:31). E posteriormente, ainda no texto do livro do profeta Samuel, não diz Davi: “Deus torna perfeito o meu caminho.” (2 Samuel 22:33 paráfrase)?
Quando Jesus disse aquela multidão que estava ouvindo suas palavras “o caminho é apertado”, ele não quis dizer “o caminho é imperfeito”. Ele não escreve por linhas tortas como o ditado popular afirma, mas por linhas perfeitas e claras. Acontece que como todas as coisas que o homem tem dificuldade para se ajustar, o caminho preparado por Deus também parece imperfeito aos olhos do homem. Assim, o caminho de Deus perfeito ao homem, deveria ser espaçoso, pavimentado e na descendente.
Obviamente as lentes que Deus usa para enxergar o mundo são de plena santidade e sabedoria, e as minhas são, na melhor das intenções, embaçadas pelo pecado. Nosso padrão de perfeição, tão defeituoso e cheio de preconceitos desde sua origem é mais facilmente assimilado, afinal, nós mesmos o idealizamos e construímos.
Assim, o caminho proposto por Cristo torna-se muitas vezes inadequado ao nosso estilo de vida, pois ele aparentemente nos priva daquilo que é bom, quando na verdade ele nos priva do que é mau, nós apenas temos dificuldade em perceber e aceitar. Dentro dos meus conceitos naturais, eu não posso deixar toda essa vida passar privando-me de tudo aquilo que eu julgo ser bom.
Logo, o caminho precisa ser suficientemente largo para que eu, durante minha vida, possa usufruir dos “prazeres do pecado” e “dos benefícios da Graça”. Paulo já convivia com esse problema na igreja no seu tempo, vemos isso quando perguntou a igreja de Roma: “Continuaremos pecando para que a graça aumente?” (Romanos 6:1 NVI). A pergunta é imediatamente seguida de uma resposta clara e objetiva do apóstolo: “De maneira nenhuma! Nós, os que morremos para o pecado, como podemos continuar vivendo nele? (Romanos 6:2 NVI).
O caminho apertado que trilhamos até chegarmos a porta estreita, é o caminho que começa exatamente no momento em que morremos para o mundo, ele inicia no exato momento em que somos batizados com Cristo em sua morte (Romanos 6:3) e com Ele ressuscitamos e iniciamos nossa nova vida (Romanos 6:4-5). Este caminho apesar de apertado, é perfeito. Ele é perfeito não porque não existem subidas e descidas, não porque é plano e perfeitamente pavimentado. Este caminho é perfeito porque Ele é o próprio Cristo (João 14:6). É um caminho perfeito porque ele foi preparado para conduzir homens pecadores a justificação. Ele é perfeito porque é uma obra do Criador. E ainda que apertado, é perfeito.
Por fim, se realmente entendêssemos a afirmação do apóstolo Paulo: “onde está o Espírito do Senhor, ali há liberdade.” (2 Coríntios 3:17 NVI) compreenderíamos que a liberdade que temos sendo escravos da justiça de Deus e do seu amor, com acesso direto ao Santíssimo pela destruição do véu na morte de Cristo, não teríamos nenhum prazer em virar para esquerda ou direita, não nos importaríamos de caminhar no tão apertado caminho, pois nosso alimento, nossa vontade e nossa vida, seria fazer exclusivamente a vontade de Deus.
Pense nisso.
Texto publicado originalmente no Pelo Amor de Deus, em 23 de março de 2015

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Urbanidade faz parte de uma saudável convivência. Não concordar com o que escrevo não lhe dá o direito de escrever aquilo que você não gostaria de ouvir. Aceito a crítica mas rejeito todo e qualquer tipo de maldição neopentecostal enviada via comentário.

Ameaças como "não tocar no ungido", não serão publicadas... não insista...

No mais, o blogger e outros serviços de criação de sites lhe dão a oportunidade de se expressar no principal meio de comunicação da atualidade, e de graça (mais barato que uma campanha dos 318).

Comentários ANÔNIMOS somente serão publicados se forem perguntas que, por algum motivo ou situação, o anonimato seja aceitável. Caso contrário, põe teu nome e sobrenome (um sobrenome já basta)... tchê frouxo não tem vez aqui. E as prenda faz favor de se identificar.

LOGO QUE POSSÍVEL RESPONDEREI OS COMENTÁRIOS.

Soli Deo Gloria